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Janela Indiscreta
 
sábado, fevereiro 22, 2003  


© Henri Cartier-Bresson

Ainda na senda do Giacometti, deixo aqui, na janela, um poema de Mário Rui de Oliveira, do seu livro " O Vento da Noite" (Assírio & Alvim).

Em estado puro

Numa das esculturas de Giacometti, tocadas ainda de fogo, um homem caminha, em movimento solitário e eterno. Não sabemos se entra, se sai da morte, mas conseguimos reconhecer, na nobreza do cobre, a própria condição humana. Como benção ou danação, o escultor devolve- nos a vida em estado puro. Viver é também isso. Percorrer um campo de anémonas, quase com vergonha do que trazemos escondido, na mão.

Mário Rui de Oliveira



posted by Anónimo on 17:07


 
Uma boa notícia: a Liga de Cavalheiros volta logo à rtp2.


posted by Anónimo on 16:34


 
livros e o luar contra a cultura
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Na origem da beleza está unicamente a ferida, singular, diferente para cada qual, escondida ou visível, que todos os homens guardam dentro de si, preservada, e onde se refugiam ao pretenderem trocar o mundo por uma solidão temporária mas profunda. Fora de miserabilismos. A arte de Giacometti parece querer revelar essa ferida secreta dos seres e das coisas, para que nos ilumine


© Henri Cartier-Bresson

O estúdio de Alberto Giacometti de Jean Genet é um livrinho imprescindível. Pertence à colecção Alfinete da Assírio & Alvim, a tradução é de Paulo Costa Domingos, as fotografias de Ernest Scheidegger e vai na segunda tiragem.

Jean Genet visita o estúdio do escultor, conversam, Giacometti desenha-o (sozinha na tela, não media mais de sete centimetros de altura por três de largos, tinha porém a força, o peso e as dimensões da minha autêntica cabeça), falam de escultura, dos materiais e de coisas vagas: Genet fica enfeitiçado.

Vamos beber um copo. Ele toma café. Pára para melhor captar a beleza penetrante da rua de Alésia, beleza suave, por causa das acácias cuja folhagem pontiaguda, acerada, à transparência do sol, mais amarelo que verde, parece derramar sobre a rua uma poalha dourada.
Ele – Que bonito, que bonito…
Recomeça a andar, coxeando. Conta-me como se sentiu feliz ao saber que a operação – depois do acidente – o deixaria coxo. Vou arriscar o seguinte: as estátuas dele dão a sensação de no limite se refugiarem não sei em que secreta enfermidade protectora da solidão.

Acerca da solidão dos objectos:
Ele – Um dia, no quarto, ao olhar uma toalha em cima da cadeira tive vivamente a impressão de que além de estarem sós, os objectos tinham um peso – melhor, uma ausência de peso – que os impedia de assentar sobre os outros. A toalha estava só, de tal modo só que eu tive a sensação de poder pegar na cadeira sem a toalha se mexer do sítio. Tinha o seu lugar próprio, o seu peso, e até um silêncio próprio. O mundo era leve, leve…

Uma afirmação de Giacometti constantemente repetida:
– É preciso valorizar…
Julgo que nem uma única vez na vida ele encarou os seres ou as coisas com olhos de desprezo. Tudo se lhe depara na mais preciosa solidão.
Ele – Nunca conseguirei pôr num retrato a força toda de uma cabeça. Só o facto de viver exige desde logo tal vontade e tal energia.


É assim o livro, escrito de um modo impressionista, uma homenagem a um homem extremamente sensível, um homem que se comove com a beleza da poeira que cobre as garrafas de terebentina.

Alberto Giacometti

Isto tudo a propósito do documentário ALBERTO GIACOMETTI(1901-1966) que passa amanhã na rtp2 às 20h30.


posted by Anónimo on 16:22


sexta-feira, fevereiro 21, 2003  


No hay caminos, hay que caminar, de Luigi Nono, dedicado a Andrei Tarkovsky

Arvo Pärt, Arbos (The temple bell stops / but the sound keeps coming / out of the flowers, Basho), dedicado a Tarkovsky

8 Ícones, de Arsenii Tarkovskii, tradução de Paulo da Costa Domingos, colecção Gato Maltês da Assírio & Alvim

Esculpir o tempo, de Andrei Tarkovsky, edição brasileira da Martins Fontes

O Livro das Igrejas Abandonadas, de Tonino Guerra, tradução de José Colaço Barreiros, colecção Gato Maltês da Assírio & Alvim

Histórias para uma noite de calmaria, de Tonino Guerra, tradução de Mário Rui de Oliveira, colecção Documenta Poetica da Assírio & Alvim

posted by Anónimo on 23:51


 
Estou a meter-me em maus caminhos (demasiado longos para blogs), é que falar de Tonino Guerra implica falar com ele, ir a Pennabilli...



museo dei sapori utile a farci toccare il passato

Entrevista com Tonino Guerra

Um Artista Tem Sempre Os Olhos na Sua Infância

Por José Tolentino de Mendonça

A Academia de Cinema Europeu entregou-lhe agora o prémio para o conjunto da obra. Apenas natural para quem escreveu tantas obras-primas para outros filmarem. Dias antes do prémio, Tolentino de Mendonça visitou à casa italiana de Tonino Guerra. Conversa entre dois poetas. Tem 82 anos, o poeta que escrevia argumentos para os filmes de Antonioni, Fellini e Tarkovski. Reparte hoje as estações entre o seu apartamento de Moscovo e a casa, em Pennabilli, nas montanhas onde a paisagem italiana é uma perfeição carregada de silêncio. De Rimini há um autocarro (um autocarro de província) que parte para lá, passando por lugares que, dos livros de Tonino Guerra, se reconhecem facilmente: San Leo, Santa Ágata, Marecchia... Depois, o autocarro pára junto a uma praça. A porta de casa dele não fica longe.

PÚBLICO - Há dias, ao telefone, falava da necessidade de redescobrir a pobreza...
Tonino Guerra - Devo dizer que em muitos momentos me refugio na memória desses dias em que as estradas eram feitas de pó, e os cavalos eram ainda utilizados para se chegar aos lugares, e a neve estava repousada nas soleiras, e se comia o que havia (que era quase nada e nos parecia bastante). Tenho a impressão que o consumismo nos conduz a grandes perdas, ao mesmo tempo que nos sufoca de objectos. Para mim, refugiar-me no passado significa reencontrar os prazeres da pobreza. A pobreza ajuda à fantasia. Na pobreza vive-se sob uma chuva de desejos suspensos.

P. - Mas este seu discurso comporta um preço de solidão face à maneira como o mundo se organiza.
R. - A mim não me interessa nada como o mundo se organiza: interessa-me o modo como me estou organizando. Páro a escutar que chove; ofereço o olhar a cada entardecer e sou feliz, como ontem fui, ao aprender que as flores da cerejeira alcançam o máximo da sua brancura um instante antes de cair e morrer.

P. - Para si a Arte é o quê?
R. - Não sei o que é a Arte. A Arte é uma coisa que nos faz companhia, uma coisa pobre que nos enriquece, embora se saiba que o mistério nunca é iluminado completamente.

P. - O Tonino Guerra argumentista, novelista, pintor, poeta, construtor de jardins, artesão de mobiliário... que se considera afinal?
R. - Sou um poeta. Um fulano qualquer que caminha ligeiramente levantado da terra e que, de vez em quando, cai, estatelando os tacões e enchendo-se de infelicidade.

P. - Se lhe pedisse para falar da poesia...
R. - A poesia é, sem dúvida, um caminho. Uma espécie de chamamento a ir mais longe para encontrar a proximidade escondida.

P. - A poesia escrita por outros também lhe faz companhia?
R. - Estou sempre no encalço de Dante, Francisco de Assis, Pu_kin, até aos últimos (e refiro-me apenas aos italianos), Montale, Ungaretti... E de alguns camponeses que não escreveram nada, mas deixaram, no mundo, um pouco da sua alma.

P. - Para quem o lê, soa muito natural essa referência a um mundo campesino, quase em desaparecimento.
R. - Estou muito ligado a essa outra civilização, o que não quer dizer que não tenha consciência de que a atmosfera presente, tão carregada de ciência, não produza ainda, e por tanto tempo, luminosidades poéticas. Sabe... um artista tem sempre os olhos na sua infância. Eu mantenho sempre que nós comemos a nossa infância... Se, por trinta anos, comi os 'involtini' da minha mãe isso é uma droga: são os 'involtini' melhores do mundo; tal como o 'spaghetti' que comia às sextas-feiras; tal como o salame... Estamos ligados a coisas tão remotas.

P. - Como é que decorreu a sua infância?
R. - Teve os seus dias de tristeza e sofrimento, certamente, mas o tempo cancela as coisas tristes e deixa apenas o que foi belo.

P. - Isto é?
R. - Uma relação difícil de descrever, de tão intensa, com a natureza, com os rumores, com os nevões...

P. - Que faziam os seus pais?
R. - Meus pais saiam às quatro da manhã de Santarcangelo e vinham, pelas povoações da montanha, vender fruta e verdura. Minha mãe era de pequena estatura e analfabeta. Desde menina, vendeu peixe frito nos mercados, e quando entregava a porção de peixe a um cliente assinalava, com traços, numa folha de papel: uma linha vertical se fosse um homem magro, uma bola para uma pessoa gorda. Assim os reconhecia para o pagamento. Meu pai falava pouco. Não era de elogios ou beijos. Quando voltei da Alemanha, depois de um ano em que me acreditaram morto, ele tirou o cigarro da boca e perguntou-me "já comeste?", e foi-se embora. Mas quando eu estava sentado em casa, vejo chegar um homem com uma pasta. Perguntei-lhe: "procura alguém?". "Procuro-o a si. Sou o barbeiro". Meu pai viu-me de barba e foi chamar o barbeiro. Por isso sei que o amor tem muitas expressões. É teatral e imediato, mas pode dar-se, igualmente grande e caloroso, ainda se com atraso.

P. - A sua experiência no campo de concentração... Sabe, custa-me muito formular uma pergunta.
R. - Era muito jovem e olhava para os sofrimentos com curiosidade. Nesse lugar terrível comecei a escrever poesia em dialecto (o romagnolo), pois essa era a língua dos operários, meus companheiros. Não tinha papel e todas as noites dizia os poemas para os manter na memória. No dia de Natal de 1944 não nos serviram o 'bròdo' (uma espécie de sopa) que era de tradição comer. E os meus companheiros pediram-me que falasse das comidas de Natal. Eu com palavras e gestos criei uma ceia de Natal, longa e deslumbrante, cheia de coisas saborosas que todos fingiam apreciar. Quando acabei de servir, de fingir que servia a 'tagliatèlla', deu-se uma cena comovente: um companheiro perguntou-me se podia comer um pouco mais.

P. - E isso no meio daquele inferno.
R. - Lembro-me dos bombardeamentos, do barulho ensurdecedor, do medo... E de me pôr a pensar em qual seria a coisa que mais pena me fazia abandonar no mundo.

P. - Mas aconteceu a libertação.
R. - No dia da libertação os portões do campo apareceram abertos e tinham desaparecido os jovens soldados alemães. Fomos todos até aos portões e faltava-nos a coragem de sair. Um prisioneiro avançou dois passos e voltou para trás de novo. A um certo ponto, três ou quatro desatamos a correr em direcção a um bosque. Foi ali que tive uma das maiores alegrias da vida. Depois de todo aquele horror, fui capaz de olhar para uma borboleta sem vontade de a comer.

P. - Que idade tinha?
R. - Vinte e dois ou vinte e três anos.

P. - Veio, depois, a Universidade e a publicação do primeiro livro.
R. - Licenciei-me em Urbino, em Pedagogia. O reitor da Universidade, o reputado crítico literário Carlo Bo, tendo lido os meus poemas, insistiu muito que os publicasse. Ele fez o prefácio e eu mandei fazer o livro, às minhas custas, a um tipógrafo de Faenza.

P. - Por essa altura, chega também o cinema.
R. - Comecei por ajudar na preparação de um filme com Mastroianni, porque precisavam de alguém que conhecesse a cultura da região da Emilia Romagna.

P. - E, pouco depois, vai viver para Roma.
R. - Fui, à procura de não sei que fortuna, para ter de suportar dez anos de fome (risos). E aconteceu esta coisa fantástica de que me lembro. Num mês de Agosto, eu e minha mulher estávamos em casa, sem nada para comer. Eu falo-lhe então de uma rapariga que nos atirava pão, às escondidas, no campo de concentração, e assim nos ajudava. E digo: "se voltar a encontrá-la um dia, ponho-me de joelhos diante dela". Tocam à porta nesse preciso instante. Era ela. Era essa rapariga que se tinha casado e vinha a Roma, em viagem de núpcias. Para esconder-lhe a minha miséria, invento que há uma gripe asiática muito perigosa em Roma, que não deverão comer absolutamente nada ali, mas escapar, logo que possam, para outro destino. Uma semana depois recebo um postal dela, da Suíça. Dizia: "Obrigada, tu salvaste-nos" (risos).

P. - Em que consiste o trabalho de um argumentista?
R. - Um argumentista participa na estrutura de palavras que serve ao realizador. E, por vezes, pode chegar a sugestões que definem também o estilo ou a alma do próprio filme.

P. - Pedia-lhe que definisse, com uma frase, alguns dos importantes realizadores do cinema contemporâneo com quem trabalhou. Antonioni...
R. - Um homem que torna preciosa até a imundície.

P. - Fellini...
R. - Um olhar dentro da sua infância.

P. - De Sica...
R. - Recolhe os gestos poéticos expressos pela realidade e pelas palavras de Zavattini.

P. - Rosi...
R. - Um entendimento exacto da realidade italiana.

P. - Angelopoulos...
R. - Um olhar lento e longo.

P. - Tarkovski...
R. - Uma nuvem de espiritualidade.

P. - Em Tarkovski há também o seu fundamental encontro com a Rússia.
R. - Sim, Andrei (Tarkovski) é um encontro perfumado nessa magnífica terra, plena de espiritualidade, que é a Rússia, que eu considero a minha segunda pátria. A Rússia, para lá do seu 'respiro' europeu, tem também valores orientais que me enchem de curiosidade e me fazem caminhar sobre sentimentos de uma extensão enorme. Porque, sabe, os pontos de fuga que me interessam são os interiores.

P. - Pontos que nos transportam, para usar palavras suas, "às portas do silêncio".
R. - Na Rússia ou fora da Rússia é isso que me fascina. Conheci um homem, neste vale do Marecchia, que vivia numa grande solidão. Chamava-se Eliseu. Um dia perguntei-lhe: "Eliseu, Deus existe?". Ele ficou, primeiro, um pouco embaraçado e, depois, respondeu: "Dizer que Deus existe pode ser uma grande mentira. Dizer que não existe pode ser uma mentira maior".

P. - E Tonino Guerra o que diz?
R. - Há, por certo, alguém que crê profundamente e todas as vezes que encontro pessoas assim, abandonadas a uma convicção, sinto-me em grande dificuldade. Conto uma história que se passou comigo e com Antonioni. Numa região remota da Ásia, caminhávamos por uma espécie de caminho de pedras e de silêncio. Subimos a uma pequena colina e vimos, no vale, um camponês que arava aquele desterro com um bocado de madeira. Imprevistamente parou, pegou num tapete desfiado e rezou voltado para oriente. Naquele deserto absoluto, aquele homem oferecia a sua solidão, os seus pensamentos. E nós virámos as costas, impressionados, na tristeza das nossas dúvidas.

(Faz um longo silêncio)

Vivo cheio de perguntas. Na vida, uma coisa que me atormenta, por exemplo, é pensar na perfeição de um olho. Como é que pode ter surgido sozinha uma perfeição assim? Para mim, Deus é esta pergunta misteriosa.


©Público

p.s. desculpem a transcrição integral da entrevista mas este encontro é magnífico e não o posso cortar.

posted by Anónimo on 23:37


 

As folhas da cerejeira



As folhas da cerejeira

A André Tarkovsky

Por cima de Casteldeci há uma igreja sem tecto e as paredes têm entre os braços uma cerejeira que cresceu no chão e cujos ramos tocam o céu.
Em Abril floresce e a brancura desliza da árvore até ao fundo do vale, depois nascem os frutos e comem-nos os melros e os pássaros bravos; entretanto as folhas ficam vermelhas e uma de cada vez caem ao chão.
Se alguém assoma àquelas paredes com o desejo de pedir um milagre e há uma folha que cai nesse momento é sinal que de lá de cima terá uma resposta boa.
Tarkovsky passou lá em Novembro e precisava de fazer um pedido grande, mas as folhas já tinham caído todas e serviam de cama a duas ovelhas que dormiam.

Tonino Guerra
© Assírio & Alvim

posted by Anónimo on 23:20


 



Adaptation, de Spike Jonze

Para quem já sabe o que é viver na cabeça de John Malkovich, afundar-se no cérebro em pânico (devido a bloqueio artístico) de um argumentista é mais seguro? Continua a ser inclassificável. Como em outros argumentos de Charlie Kaufman ("Queres Ser John Malkovich?" ou "Human Nature"), esta é a história de um grupo de seres a braços com a sua condição... humana. Temos não um, mas dois argumentistas, gémeos (Nicolas Cage) - um aflito, o outro seguro, ambos barrigudos e carecas -, uma jornalista obcecada por orquídeas (Meryl Streep) e crocodilos esfaimados. Spike Jonze, o realizador, lida com este carnaval com o mais selvagem dos realismos. V.C.

Hoje, às 21h15: Grande Auditório do Rivoli

© Públionline Y

Adaptation


posted by Anónimo on 15:01


 
InezEléctrica

O cancioneiro musical de inspiração inesiana contaminado pelas novas possibilidades electroacústicas e recriado por quatro compositores portugueses contemporâneos. «Cousas de folgar e gentilezas» no Salão Nobre do Teatro São João. Um concerto mutante com dispositivo cénico de António Lagarto e som de Francisco Leal.

Inez + Eléctrica
A decomposição do título escolhido para baptizar o concerto de formato músico-cénico que, durante 21 e 22 de Fevereiro, se instala no Salão Nobre do Teatro São João é a chave para decifrar as partes de que é feito o todo. A grafia antiga de “Inês” denuncia a componente de música portuguesa renascentista, e o prolongamento “eléctrica” dá conta da recriação dessas partituras pela mão das possibilidades tecnológicas dos dias que correm. O resultado é um original exercício de reanimação de sonoridades feito à custa de verdadeiros choques eléctricos.
Imagine-se uma guitarra eléctrica a improvisar sobre Canto Gregoriano ou a transcrever o som que, originalmente, sai de um alaúde e ter-se-á uma ideia aproximada da identidade sonora de InezEléctrica. O concerto vive da fusão e coabitação entre composições de música antiga fielmente interpretadas, e objectos sonoros criados a partir da intervenção da contemporânea mesa de som nas partituras originais dos cancioneiros dos séculos XVI e XVII. A possibilidade de identificar qualquer tipo de heresia está condicionada à partida. «Uma das características fascinantes da música antiga é que não é nada impositiva e permite uma grande liberdade de abordagens», esclarece João Henriques, comissário do projecto. E o que começa por prestar-se às experimentações mais improváveis, acaba por legitimar as assumidas transgressões e subversões. «A música antiga deixa tantas hipóteses de interpretação que podemos perfeitamente “brincar” com ela, tentando preservar aquilo que é a sua essência».
Justificado o conceito, importa desvendar o método. Primeiro passo: exaustiva incursão no arquivo das palavras e partituras com cinco séculos. O resultado trouxe pistas para duas possibilidades distintas que acabaram por ser exploradas em paralelo e transformar-se nas duas partes em que InezEléctrica se apresenta. A primeira convoca a ópera Inês de Castro, de Ruy Coelho (1927), com libreto feito das palavras da Castro, de António Ferreira – as mesmas que dias depois ocuparão a sala do Teatro São João na encenação de Ricardo Pais dos amores de Pedro e Inês –, para fio dramatúrgico condutor. Até aqui nada a salientar não fosse a opção de entrecortar a ópera com as cantigas, vilancetes e vilancicos dos cancioneiros recolhidos. Mais: subtraindo essas palavras ao contexto original para as colocar na voz das personagens. «Como tudo é lírica renascentista, as temáticas são de tal forma comuns que os textos que encontrámos podem perfeitamente ser ditos por qualquer uma das personagens», defende João Henriques. Um exercício de copy/paste sem costuras à vista, pode depreender-se.
Mas o trabalho arqueológico de pesquisa pôs também a descoberto vários cancioneiros que preservam a escrita, mas cuja música se perdeu pelo caminho de uma transmissão oral incapaz de lhe assegurar a sobrevivência. Fraquezas que acabariam por revelar-se forças. «Se a ideia é fazer um jogo entre a música antiga e as possibilidades tecnológicas actuais, nada melhor que convidar compositores contemporâneos a escrever música original para “reanimar” os textos da altura.» Desafiados, Fernando das Neves Lobo, Pedro Faria Gomes, Carlos Azevedo e Eurico Carrapatoso escreveram – em registos tão distintos que vai ser possível ouvir sonoridades próximas do jazz ou do fado – as composições inéditas encarregues de fechar o concerto. Pelo meio haverá um intervalo em que o bar do Salão Nobre estará aberto, sinal do carácter lúdico da iniciativa e, como defende João Henriques, da música em geral. «A função principal da música é ser entretenimento, sem nenhum tipo de pretensões. A música pura, tal como os maiores artistas a concebem e interpretam, é puro divertimento».

©Susana Morais TNSJ

Porto | Teatro Nacional de São João | Hoje e amanhã, às 21h30 | Bilhetes a 2,50 euros
Inês de Castro na Era da Electrónica


posted by Anónimo on 14:31


 

Lisboa recebe feira de livros em fim de edição

Cerca de cem mil livros, com descontos que podem atingir os 70%, estão a partir de sexta-feira à disposição na feira de livros em fim de edição na Gare do Oriente, no Parque das Nações até ao dia 9 de Março.

Esta feira alberga diversos géneros literários para todas as idades e dispõe de edições raras de diversas editoras portuguesas.

Em fim de edição, os livros têm preços baixos podendo sofrer descontos significantes.

A feira decorre entre as 10h00 e as 23h00 na Gare do Oriente, no Parque das Nações em Lisboa.

© Diário Digital 21-02-2003 11:58:00


posted by Anónimo on 12:09


quinta-feira, fevereiro 20, 2003  

O Verão partiu
E nunca devia ter vindo.
Será quente o sol
Mas não pode ser só isto.

Tudo veio para partir,
Nas minhas mãos tudo caiu,
Corola de cinco pétalas,
Mas não pode ser só isto.

Nenhum mal se perdeu,
Nenhum bem foi em vão,
À luz clara tudo arde
Mas não pode ser só isto.

Agarra-me a vida
Sob a sua asa intacto,
Sempre a sorte do meu lado,
Mas não pode ser só isto.

Nem uma folha se consumiu
Nem uma vara quebrada...
Vidro límpido é o dia,
Mas não pode ser só isto.


Arsenii Tarkovsky
(tradução de Paulo da Costa Domingos)
©Assírio & Alvim


posted by Anónimo on 20:58


 
livros e o luar contra a cultura
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Acabei de ler Fábulas de Italo Svevo.

É um livro pequeno, editado pela & etc em 2001, que reune algumas Fábulas, “Três histórias animalistas”, “Páginas de um diário” e um episódio de “A Consciência de Zeno” (através do qual podemos ver como é difícil a vida de um fabulista).

Svevo viveu sem fama nem proveito e só começou a ser conhecido quando Eugenio Montale (aconselhado por James Joyce) elogiou a sua obra. Mas Svevo não estava talhado para a fama e, qual personagem das suas fábulas, morreu três anos após a sua “descoberta”, destruindo o que poderia ter sido uma bonita história de louvor e glória.

Gostei particularmente desta história:

Sem que de modo algum fosse culpa sua, um homem perdeu todos os seus haveres e ficou na mais cruel das indigências. De idade já bastante avançada, não tinha a menor esperança de algum dia voltar a levantar a cabeça. Todavia continuou vivo. Muitas vezes desejou morrer, mas apesar de tudo nunca o desespero foi suficiente para armar a mão contra si próprio.
Um dia, encontrou por acaso Herbert Spencer que lhe explicou porque é que o seu infortúnio era consequência evidente da incapacidade própria, e por que razão não merecia compaixão nem ajuda, pois esta, a ser-lhe dada, teria corrompido a lei social, que exige a eliminação do vencido.
Então, à laia de conclusão, o pobre homem matou-se imediatamente.

Trieste, Dezembro de 1897



O livro foi traduzido por Célia Henriques e a capa e os desenhos (muito bons e tão acutilantes como as histórias) são de André Ruivo.

Infelizmente as Fábulas não devem ser fáceis de encontrar nas livrarias. O autor é pouco conhecido, a editora é pequena e um livro editado em 2001 com estas características está condenado a apodrecer num armazém. Eu salvei este exemplar...


posted by Anónimo on 20:30


 

Teatro Nacional de São João lança publicação mensal


O Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto, lançou uma nova publicação mensal. O primeiro número do jornal "Duas colunas" destaca, entre outros assuntos, o regresso de Ricardo Pais à instituição.
Em entrevista, Ricardo Pais defende que "um teatro nacional tem de ser crítico e implacável" e aponta dois dos principais objectivos do seu mandato à frente do TNSJ: a criação de uma academia informal de novos encenadores e o desenvolvimento de um fórum de críticos de teatro."Exportar pequenos grupos regulares de bolseiros para a aprendizagem do teatro e da formação teatral no estrangeiro" é uma das propostas de Ricardo Pais.O desenvolvimento de um fórum de críticos de teatro, que será publicado como suplemento do jornal "Duas Colunas" e que se chamará "Inteligência artificial", visa, segundo o director do TNSJ, "suprir o esvaziamento crítico e o analfabetismo teatral para que estamos a deslizar".No primeiro editorial do "Duas Colunas", o coordenador da publicação, José Luís Ferreira, explica que o conteúdo do jornal assenta no princípio da comunicação com os públicos. "A ideia de tornar transparente o fluxo contínuo de notícias geradas na casa do teatro anima-nos essencialmente pelo que nos permite em aprofundamento do nosso próprio trabalho".A publicação desenvolve ainda outros assuntos, como os ensinamentos do encenador Eimuntas Nekrosius, a génese da edição cénica da obra "Castro" e o renascimento do Auditório Nacional Carlos Alberto.Com uma tiragem de dez mil exemplares, o "Duas Colunas" será distribuído gratuitamente.

em: Notícias Clix

posted by Anónimo on 15:59


 

Artistas Unidos?

Câmara de Lisboa Garante Centro de Artes Aos Artistas Unidos

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) garantiu aos Artistas Unidos (AU) que o Centro das Artes A Capital iria avançar. E propôs à companhia que apresentasse as suas produções no Teatro Taborda, enquanto as obras de recuperação daquele espaço não estivessem concluídas. Ontem, em comunicado, a CML disse que o arquitecto Pedro Maurício Borges (prémio Secil de Arquitectura) será o responsável pela reconversão d' A Capital num espaço polivalente, e que Silva Melo apresentará um programa artístico até final de Março, que, acrescentam, será discutido com a vereação da Cultura da autarquia "e outras personalidades e entidades representativas do meio artístico".

As obras n' A Capital, de onde os AU e outras produtoras foram despejados em Agosto, vão arrancar brevemente. O acordo surge depois das garantias dadas pelo presidente da CML, Pedro Santana Lopes, de que o projecto ia avançar, e de uma reunião, que decorreu na segunda-feira, entre as vereadoras da Cultura, Maria Manuel Pinto Barbosa, e da Reabilitação Urbana, Eduarda Napoleão, com Silva Melo e Pedro Maurício Borges. O encenador, que ficou "muito satisfeito" com a "atmosfera de relançamento" do projecto, está no entanto a estudar a hipótese do Taborda. "Não sabemos se temos orçamento para aguentar uma temporada com novas produções. Fiquei de apresentar um plano na segunda-feira", disse.

© Públiconline

Não acredito que o Pedro Santana Lopes seja tão “distraído” que deixe ir por água abaixo um projecto com a energia dos Artistas Unidos. Foi buscar um bom arquitecto (a arquitectura sempre agradou aos governantes) e que melhor prémio depois de um prémio senão desenhar? Óptimo, o Jorge Silva Melo parece que também gosta, o único entrave que vejo é a lentidão portuguesa, noutro sítio o assunto estaria arrumado, aqui ainda há pano para mangas e até pode voltar tudo ao ponto zero.

Enquanto isso, esfrego as mãos à espera de BAAL



A primeira peça longa de Bertolt Brecht é a história da vida de um poeta e cantor bêbedo, rude e mulherengo. Com o seu amigo músico, Ekart, Baal deambula por toda parte bebendo e lutando. Engravidada por ele, Sophie segue-o e acaba por se afogar. Baal seduz ainda a amante de Ekart que acaba por assassinar. Perseguido pela polícia, morrerá sozinho numa floresta. Apesar de ser um retrato anti-heróico, não há dúvida de que muito da imagem romântica do poeta-fora-da-lei se aplica a este Baal cuja linguagem descende directamente de Rimbaud e Villon.

BAAL aparece como resposta a O SOLITÁRIO de Hans Johst, onde se relata a história do poeta alemão Grabbe dando-lhe um significado expressionista contra o qual Brecht se quis insurgir. Inspirando-se na vida do poeta francês, escritor medieval de baladas, François Villon, Brecht pretende em Baal mostrar a natureza elementar do indivíduo que se alimenta do prazer e não pensa sequer em pagar as despesas da vida burguesa. Mas ao longo da escrita, Brecht encontra também Verlaine, Rimbaud e Büchner. Com Baal, Brecht revolta-se contra o pathos expressionista, contra os artistas endeusados, contra o tradicional conflito, por ele repudiado, entre a vida e a arte. Brecht procurava o escândalo e encontrou-o. Pouco depois da estreia, o presidente da câmara de Leipzig proibiu a continuação da carreira da peça.

Em Portugal foi estreada no Teatro da Trindade numa versão de José Fanha e João Lourenço e encenação de João Lourenço com Mário Viegas, João Perry, Virgílio Castelo e Irene Cruz nos protagonistas.

Artistas Unidos


posted by Anónimo on 14:22


 
Estamos babados

Perdoem-nos a expressão e as palavras atabalhoadas que se seguem mas os nossos vizinhos blogianos são tão amáveis que não conseguimos escapar a estas emoções. Obrigado pelos elogios (piscadela à direita e, já agora, as melhoras do senhor Providêncio Canhoto – e piscadela à esquerda), vamos continuar a fazer por merecê-los.

Aproveitamos a maré intimista e, uma vez que ainda não apresentamos as nossas intenções, definições, regras etc. e tal, vamos girar o espelho ligeiramente para nós.

Este projecto surgiu subitamente no dia 2 de Fevereiro, criou-se uma pequena equipa e decidimos que o melhor era ir fazendo e inventando (um work in progress blogiano). Nas nossas conversas “e-mailianas” (somos do Porto e de Lisboa e nem sequer nos conhecemos todos pessoalmente) ficou mais ou menos determinado que a janela seria uma espécie de corredor onde afixamos noticias e comentários sobre os filmes, os livros, os discos, os quadros, as fotografias, que gostamos. Diz a Ana que parece um jornal de parede e tem razão, eu acrescentei que o blog deveria ter uma personalidade colectiva (apesar de não saber como é que isso se faz).

Paralelamente gostariamos de enredar este blog noutros, locais mais sossegados e temáticos. Para já, criamos a nossa sala de esposições temporárias boogie woogie onde abusamos de fotografias.

Vamos tentar tornar a janela mais interactiva, não sabemos ainda como, mas se alguém quiser dizer alguma coisa, tem o mail, aceitamos sugestões, elogios e porque não? Estamos tão bem dispostos que sim, também aceitamos críticas negativas.

A Janela Indiscreta somos nós: Ana Alves, António Rebelo, Cristina Fernandes, Lídia Pereira e Luís Rei.

Agora reparo que podemos ser aqueles cinco lá em cima à esquerda, só nos falta o cão!

posted by Anónimo on 10:25


quarta-feira, fevereiro 19, 2003  
A Egoísta colecciona prémios!
 
A Society of Publication Designers (SPD) distinguiu a revista portuguesa «Egoísta» com três prémios. Entre 7500 concorrentes, a «Egoísta» recebeu a Medalha de Prata Design, para a edição de Março do ano passado, a medalha de Mérito Design, referente à edição de Setembro de 2002, e a Medalha de Mérito Ilustração, que distingiu «Um Homem em Três Andamentos», da autoria de Rodrigo Saias.
 
Os vencedores de 2002 nas categorias em que a «Egoísta» foi este ano premiada foram publicações de renome: «Esquire», «Rolling Stone», «New York Times Magazine» e jornal «The Guardian».
 
As páginas distinguidas na revista portuguesa serão incluídas num livro e exibidas em Nova Iorque, onde também se realiza a entrega dos prémios, em 16 de Maio.
 
A "Egoísta" já tinha vencido três prémios internacionais atribuídos, pela APEX – Association for Publication Excellence – uma organização norte-americana que distingue, anualmente, as melhores revistas do Mundo. Conquistou, ainda, o Prémio Inovação de "O Primeiro de Janeiro".
A revista lançará, no próximo dia 27, uma edição especial, no qual se propõe reflectir sobre Portugal. Pensar o futuro para o País que somos, à luz do conhecimento, sensibilidade e cultura de um conjunto de notáveis.

© mix do JN e Expresso online

new yorkers, de Jorge Colombo (publicado na Egoísta | Tributo a Nova Iorque)

 

posted by Anónimo on 18:34


 

ZERKALO

Estou desconfiada. O filme já foi anunciado tantas vezes na rtp2 e nunca passou...O ano passado Serralves chegou a agendá-lo mas também desapareceu misteriosamente do ciclo...
Esperemos que seja desta!









The Mirror for me is in general the most complicated of my films — as a structure, not as a fragment considered separately but precisely as a construction; its dramaturgy is extraordinarily complex, convoluted.
Andrei Tarkovsky

Espelho quinta-feira na rtp2 às 00h00

A Infância de Ivan, sexta-feira na rtp às 00h00

"mirror"

"I'm interested in the problem of inner freedom..."

posted by Anónimo on 13:21


 
Ora aqui está um Ministério da Cultura interessante que luta pelo bem estar emocional do público e dá bons conselhos aos artistas: as paixões devem ser à vez. Claro que sim, têm razão!

Da China com amor

O novo filme protagonizado pela estrela do cinema chinês Gong Li, que estreou na China, está a dar que falar no país, pelas cenas de amor mais ousadas, que desta vez foram autorizadas.
"Zhou Yu´s train" ("O comboio de Zhou Yu") é um filme sobre o amor, fala da paixão de uma mulher (Gong Li) por dois homens, com cenas envolventes a que o público chinês não está habituado a ver em filmes com o aval do Ministério da Cultura.
"Antes, qualquer filme de amor, bastava que tivesse uma cena em que os corpos se tocassem que se achava impróprio, e por isso as cenas eram cortadas. Não acho correcto. O amor é uma coisa saudável," defendeu a actriz Gong Li.
A censura considerou um atentado à moral a versão original, na qual Zhou Yu (Gong Li) se apaixona por dois homens ao mesmo tempo, de forma que o guião teve de ser modificado de modo a que a protagonista tivesse um de cada vez...

©JN

posted by Anónimo on 11:58


terça-feira, fevereiro 18, 2003  


A Associação Abril em Maio organiza este mês um ciclo de cinema, intitulado Secretos de Porco Preto dedicado ao cinema de animação e à banda desenhada.
Dia 10 exibem “Crumb” de Terry Zwigoff (apresentado por Marcos Farrajota), dia 17 uma série de curtas e médias metragens dos primórdios da animação por Winsor McCay, irmãos Fishinger entre outros (com apresentação por João Paulo Paiva Boléo), dia 24 curtas experimentais de animação por Norman McLaren, Hans Richter, Len Lye entre outros (comentado por Fernando Galrito), e por fim, a 3 de Março, vários filmes de Nick Park, Caroline Leaf, Paul Driessen entre outros na pespectiva do cinema de animação entre os anos 70 e 90 (comentado por Nuno Beato).
Sempre às 22h no Regueirão dos Anjos, Lisboa.

© Bedeteca de Lisboa

Bedeteca de Lisboa

Abril em Maio

posted by Anónimo on 18:11


 



RDP antena 2

Hoje às 20h00: O Perfil de um Autor

Susana Valente




Arvo Pärt

Sinfonia Nº2 * Orq. Filarmonia. Dir. Neeme Järvi 14'37"

"Tabula rasa", Concerto p/ dois violinos, piano preparado e orquestra de cordas * Adele Anthony e Gil Shaham (vl). Erik Risberg (pn). Orq. Sinf. de Gotemburgo. Dir. Neeme Järvi 23'07"

"Festina Lente" p/ harpa e orquestra de cordas * Orq. Filarmonia. Dir. Neeme Järvi 05'44"

"Summa" p/ cordas * Orq. Filarmonia. Dir. Neeme Järvi 04'14"




posted by Anónimo on 17:21


 


Uma boa sugestao da antena 1: Kubrick 2001

posted by Anónimo on 13:32


 



World Press Photo na Maia


As cerca de 200 fotografias que compõem a edição 2002 da World Press Photo vão estar expostas entre 1 e 23 de Março no Forum da Maia.
Esta exposição itinerante, única no género, resulta de um concurso anual de fotojornalismo e é subordinada a temas de interesse mundial.
A World Press Photo surgiu como uma chamada de atenção através da publicação de inúmeras fotos sugestivas de assuntos internacionalmente controversos quer a nível político-económico quer sócio-cultural.
A exposição mostra o que de melhor se produz na área do fotojornalismo.

© JN

posted by Anónimo on 13:15


segunda-feira, fevereiro 17, 2003  
ATENÇÃO: Este artigo não é hilariante!

A Síndrome do Gás Hilariante

Catarina Furtado, Samuel Colt, Serenela Andrade, Isabel Angelino, Manuel Luís Goucha, Teresa Guilherme, Jorge Gabriel, Eládio Clímax, Jack Nicholson e até mesmo Karl Marx juntaram-se para demonstrar que o riso é a prova inequívoca que a felicidade existe, está atrás de uma câmara e pode ser vendida com muito lucro.

O Eduardo Cintra Torres que me desculpe estragar-lhe o exemplo mas o Jack Nicholson achou muita graça ao artigo. Daqui a pouco volta ao seu estado sisudo e infeliz

© Herb Ritts (1986)


posted by Anónimo on 22:47


 
livros e o luar contra a cultura
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Desconhecido nesta Morada, de Kathrine Kressmann Taylor é um livro impressionante.

A história é extremamente simples: Max Eisenstein (judeu americano) e Martin Schulse (alemão) são amigos e sócios de uma Galeria de arte em San Francisco. Em 1932, Schulse resolve voltar para a Alemanha. Os amigos começam então a trocar cartas e é através delas que vamos encontrar uma Alemanha pós-guerra, pobre e envergonhada; o surgimento de um homem electrizante, forte como só um grande orador e um fanático o podem ser; e o ódio aos judeus – Nunca tive ódio a nenhum judeu individualmente, a começar por ti que sempre estimei como amigo, mas podes crer que é com toda a franqueza que te digo que gostava de ti não devido à tua raça, mas apesar dela escreve Schulse a Eisenstein. E tudo começa a esboroar-se.
Está a criar-se uma nova Alemanha aqui. Em breve mostraremos grandes coisas ao mundo sob a direcção do nosso Glorioso Chefe.

O mais doloroso é que neste livro não há SS façanhudos e histéricos, são apenas dois homens vulgares que conseguem passar da amizade ao ódio mostrando o lado mais escuro da humanidade.



Editor: Gótica

posted by Anónimo on 22:03


 

Aguarelas de Turner no Museu Gulbenkian a partir de quinta-feira


Um conjunto de 70 aguarelas, algumas gravuras e duas pinturas integram a exposição "O Mar e a Luz - Aguarelas de Turner na Colecção da Tate" que vai estar patente ao público no Museu Gulbenkian a partir de quinta-feira.


Concebida por Ian Warrel, conservador do Departamento de Aguarelas da Tate Britain, a exposição - organizada pela Tate e pelo Museu Calouste Gulbenkian - vai estar patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu até 18 de Maio.

A mostra esteve, num formato ligeiramente diferente, no ano passado no Baltimore Museum of Art, nos Estados Unidos, e no mês de Janeiro na Fundação Juan March, em Madrid.

A Colecção Calouste Gulbenkian possui já quatro obras executadas pelo pintor, entre as quais se destaca o célebre "Naufrágio de um Cargueiro (1810) e uma aguarela sobre papel "Plymouth com Arco-Íris" e "Quillebeuf, Foz do Sena".

Estas obras do paisagista inglês já existentes na Colecção Calouste Gulbenkian serão incluídas na exposição a inaugurar quinta- feira.

Joseph Mallord William Turner (1775-1851) pintou aguarelas, desenhos e quadros a óleo. Mestre da pintura paisagística inglesa do século XIX, Turner dava primazia aos efeitos da luz natural nos seus trabalhos e tornou-se um percursor do impressionismo.

Entre as suas obras destacam-se, entre outras, "Tempestade de Neve (1842), "Chuva, Vapor e Velocidade" (1844), e "Chegada a Veneza" (1844).



Agência LUSA



Waves Breaking on a Lee Shore,©Tate, London



posted by Anónimo on 14:49


 
Um universo construído em traços simples


A revista The New Yorker tem sido muito falada nos últimos tempos, por inspirar excessivamente quem a lê. É o que acontece quando se produz uma das melhores publicações do planeta, onde só entra a crème de la crème, tanto ao nível dos repórteres, como dos críticos, dos ensaístas ou, sobretudo, dos ilustradores. Ilustrar para The New Yorker significa, pois, um reconhecimento absoluto de qualidade, uma espécie de entrada no Panteão. O senhor de que hoje aqui se fala, Jean-Jacques Sempé de sua graça, faz parte dos eleitos. Ao longo da sua vida, assinou 72 capas para a revista americana e o seu traço é já uma marca subtil no nosso imaginário.

Infelizmente, a sua obra não conhece entre nós a divulgação que merecia. Em tempos, algum do seu trabalho foi dado à estampa pela editora D. Quixote, mas o final da sua colecção de BD humorística e cartoon conduziu ao eclipse de Sempé das nossas livrarias. Até agora. Numa iniciativa de que não é de mais realçar o mérito, a Asa lançou recentemente um álbum luxuoso, intitulado O Mundo de Sempé. Ainda que ele não possa ser considerado um bom resumo _ nem sequer uma amostra significativa _ da vasta obra do desenhador francês, é pelo menos um excelente exemplo da originalidade do seu traço e da profundidade e sofisticação do seu humor.

Nascido em Bordéus a 17 de Agosto de 1932, Sempé não possui nenhuma formação específica na área do desenho, mas as suas vivências de juventude, enquanto distribuidor de vinho ou soldado, foram suficientemente pitorescas para lhe apurar o humor. Colocando sempre o exercíco visual à frente do empenho laboral, Jean-Jacques acabaria por perceber que a sua vida estava condenada a ser gasta no meio do papel e da tinta e, com apenas 19 anos, largava os seus empregos sazonais para se dedicar apenas ao desenho. Os seus primeiros trabalhos foram publicados em 1951.

A primeira obra a atingir o grande público surgiria em 1954, graças à colaboração de René Goscinny, que convenceu Sempé a criar uma personagem. Assim nasceria Le Petit Nicolas, série que ainda se mantém fresca e popular. Com o correr dos anos, Sempé foi dedicando mais tempo à ilustração e ao cartoon, colaborando regularmente com o L'Express e com a Paris-Match.

Como explicar o extraordinário acolhimento do seu trabalho? Provavelmente, pela procura permanente da simplicidade. Embora o seu traço pareça fácil, e esteja muitas vezes à beira do esquisso, a verdade é que Sempé é capaz de desenhar 30 vezes a mesma imagem até encontrar o seu equilíbrio perfeito. Depois, o seu humor é extremamente subtil _ não há piadas fáceis, não há fórmulas recorrentes. O que existe é uma atenção permanente ao mundo, nas suas alegrias, nas suas tristezas e, sobretudo, num estado intermédio de melancolia, onde Sempé ergueu quase toda a sua obra.

© Diário de Notícias- João Miguel Tavares






Os ciclistas de Sempé





posted by Anónimo on 14:24


 



Festival do Porto contorna recessão

O Fantasporto, festival de cinema cujo corpo vive ancorado no imaginário fantástico, é um espelho real do país: a edição de 2003 sofreu um corte orçamental de 40%. Hoje inaugura-se a semana de pré-abertura, no Teatro Rivoli, preparando terreno para a gala oficial da próxima sexta-feira.
Apesar de iludido um contexto que é nacional, o cenário em Novembro passado era sombrio – o Fantasporto atravessou uma das suas maiores crises em 23 anos, e a direcção chegou a ponderar a possibilidade de desistir, revelou Mário Dorminsky em entrevista ao JN. As réplicas podem, no entanto, ditar alterações futuras: uma parceria com Lisboa é um cenário a ponderar.
Mas, se a crise económica é concreta, o alcance artístico do festival reflecte esse rombo? Mário Dorminsky, director do certame, enfrenta o contexto: "Fomos obrigados a imaginar outras soluções". E, quase admitindo que foi a crise a espoletar no Fantas um clima de maior engenho programático, fixa a ideia: "A edição deste ano é mais atractiva. Para o público e para a crítica".

Não houve discriminação
Com um orçamento global de 70 mil contos, o Fantasporto viu a Câmara da cidade reduzir o apoio anual de 8 mil contos para cinco mil. "Não houve discriminação. A contracção sente-se a todos os níveis", disse ao JN Marcelo Mendes Pinto, vereador com o pelouro da Cultura. "Não nos podemos endividar pelo Fantas, que sofreu uma redução de apenas 35% – o ano passado, os cortes foram de 60%", avisa. E conclui: "Entendemos que é um festival fundamental; promove a imagem do Porto no país e internacionalmente".
Dorminsky discorda do corte, mas concorda na projecção: "O Fantas nunca sairá do Porto; pertence à cidade".

Regresso ao fantástico?
Eternamente conotado com o cinema fantástico – e toda a imagética popular de sangue e tripas –, o Fantasporto é, no entanto, mais sólido do que essa definição redutora.
O contexto deste ano apresenta a 13.ª Semana dos Realizadores (espaço de filmografias de autor), uma retrospectiva de novo cinema austríaco, um panorama de cinema português e a Secção Oficial Premiére (zona de antestreias comerciais, onde se inscreve "Solaris", de Steven Soderbergh).
Curiosamente, e apesar de, no passado recente, a direcção do festival ter encetado diversas tentativas de desapego em relação a esse imaginário monstruoso, o Fantasporto 2003 parece robustecer a sua linha original. "O chamado cinema fantástico está a dominar 60% da actual produção comercial das salas. Essa é a tendência", revela Mário Dorminsky, admitindo que o festival dá espelho daquilo que a indústria fabrica. "Mas temos muitos mais cinema do que aquele do sangue e do medo", avisa.

© JN – José Miguel Gaspar

Fantasporto 2003

posted by Anónimo on 13:31


 

Afinal não é uma piada!



A clássica réplica dos empregados de café ao educado “Queria um café, por favor.” (um café ou outra coisa qualquer) - “Mas por que é que as pessoas dizem Queria em vez de Quero?!” - não é afinal uma piada, mas uma legítima interrogação.


O diálogo seguinte aconteceu ao balcão de um restaurante em Lisboa, no passado sábado, cerca das 20 horas:


Empregado: Boa noite! Então o que é que vai ser?
Cliente: Boa noite! Queria um Ventil Lights, se faz favor.
E: (abana a cabeça em sentido negativo)
C: Que outros lights tem?
E: Português Suave...
C: Pode ser.
O tabaco é trocado por uma nota de 5 euros e, no acto de devolução do troco, hélas!:
E: Por que será que as pessoas dizem Queria em vez de Quero?! (A cliente era eu; a imagem do super herói do Programa da Maria [Rueff] que salvava clientes oprimidos pelas piadas estúpidas dos empregados de café atravessa-me o espírito em voo justiceiro, enquanto encolho os ombros e esboço um sorriso tímido; o empregado continua:) É que Queria não serve... quer dizer... Cria, Criar é uma coisa, Querer é outra...! (Compreendi!)

Ponto n.º 1: Este homem não estava a gozar.
Ponto n.º 2: Rebobine-se a conversa, agora na perspectiva deste homem:
E: Boa noite! Então o que é que vai ser?
C: Boa noite! Cria um Ventil Lights, se faz favor.
E: (abana a cabeça em sentido negativo)
C: Que outros lights tem?
E: Português Suave...
C: Pode ser.
E: Por que será que as pessoas dizem Cria em vez de Quero?! É que Cria não serve... quer dizer... Cria, Criar é uma coisa, Querer é outra...!


Afinal, os verdadeiros oprimidos eram os empregados de café, perplexos com o facto de lhes ser exigida a criação das mais variadas coisas, de bolos a cafés, passando por maços de tabaco, copos de vinho, pastéis de bacalhau e ginjinhas, enquanto, insolentemente, eram tratados por tu. Tudo por causa da má dicção.



posted by camponesa pragmática on 12:40


domingo, fevereiro 16, 2003  


Chronique d’un été

São felizes? É esta a pergunta que os autores deste documentário, o antropologista e cineasta Jean Rouch e o sociologista e crítico de cinema Edgar Morin, formularam a várias pessoas no decurso do Verão de 60, em Paris.
Neste jogo de perguntas e respostas, vamos saber como viviam, o que pensavam ou o que esperavam da vida, trabalhadores, estudantes e artistas.
"Chronique d´un été" obteve o prémio internacional da crítica no Festival de Cannes em 1961.

rtp2 à 1h05
Duração: 88 m
Realização: Edgar Morin e Jean Rouch
©rtp

Chronique d’un été




posted by Anónimo on 21:45


 
livros e o luar contra a cultura
1>

Andava ansiosa por deitar as mãos ao livro Franny e Zooey. Dizia há algumas semanas atrás Mário Santos (no Mil |Folhas) que “é só um dos melhores livros publicados no ano passado em Portugal”, e é mesmo, lêem-se num ápice e com imenso prazer as histórias daqueles “bichos esquisitos”.

O livro foi editado em 1961 e reune um conto e uma novela publicados na revista New Yorker: Franny em 1955 e Zooey, em 1957.
Há três personagens presentes (mais um autor que se revela de vez em quando, dois irmãos que se insinuam constantemente e um namorado que vou esquecer): Bessie, a mãe gorducha, Franny, a mais nova dos Glass, uma jovem lânguida e sofisticada que atravessa uma crise mística e Zooey, o irmão, jovem actor que, com apenas dez anos, leu The Great Gatsby (em vez do Tom Sawer) e tenta livrar Franny de cair numa beatice sem cura...

A reacção aos livros de Salinger não era muito boa. Norman Mailer acusava-o de ter “a sabedoria de escolher temas fáceis” e Steiner liquidou o seu valor num texto demolidor (The Salinger Industry): Salinger lisonjeia a ignorância e a falta de profundidade moral dos seus jovens leitores…

Eu gostei muito e citando Seymour que cita Chuang-tzu: “É preciso ter cuidado quando os ditos homens sábios se aproximam a coxear”.



Edição portuguesa: Relógio de Água

Justice to J.D. Salinger




posted by Anónimo on 19:20


 


O 78º aniversário de Carlos Paredes, que deu uma nova “alma” à guitarra portuguesa, começa a ser comemorado domingo, homenagem que se prolongará pelo ano de 2003. No dia do seu aniversário, realiza-se um espectáculo na primeira escola frequentada pelo músico.

O ano de homenagem a Carlos Paredes tem início com um espectáculo no Jardim-escola João de Deus, em Coimbra, no qual marcarão presença diversas individualidades, como Maria João e Mário Laginha.

A associação Movimentos Perpétuos pretende promover uma série de actividades culturais, que passarão por espectáculos de música, cinema, exposições, edição de livros e catálogos e lançamento de um CD duplo e DVD. Além destas iniciativas, a associação pretende criar e manter um “site” dedicado ao músico.

O CD duplo será uma homenagem a Carlos Paredes e conterá uma reunião de inéditos de vários artistas e correntes de música portugueses.

O DVD, ainda não confirmado, terá imagens do espectáculo “Carlos Paredes – Uma Guitarra Portuguesa”, que teve lugar no Teatro São Luiz, em 1992.

A associação prepara igualmente a edição de um álbum de BD alusivo ao músico português, da autoria de Adolfo Luxúria Canibal, vocalista do grupo Mão Morta, e de Manuel Cruz, dos Ornatos Violetas.

No âmbito dos livros, também se aguarda o lançamento de uma compilação de textos de diversas personalidades, como José Saramago, Jacinto Lucas Pires ou Manuel Alegre. Os textos reflectem o papel e a importância do mestre da guitarra portuguesa.

Para além dos livros, CD e DVD, é esperada, em Outubro, a inauguração de uma exposição colectiva de 78 artistas ligados às áreas da pintura, fotografia, escultura, música, vídeo, literatura, entre outras.

Segundo a associação, o objectivo desta homenagem é “tornar acessível toda a obra de Carlos Paredes”.


Uma vida dedicada à guitarra portuguesa

Carlos Paredes nasceu a 16 de Fevereiro de 1925, em Coimbra. Filho do célebre guitarrista Artur Paredes, cedo se dedica à arte de tocar guitarra portuguesa.

Já em Lisboa, Carlos Paredes conclui a instrução primária e o liceu, acabando por ingressar no Instituto Superior Técnico.

Em 1957, grava o seu primeiro disco. É a partir desta data que Carlos Paredes se lança no mundo da música a nível nacional, distinguindo-se pela mistura da música da câmara da Renascença e pelo fado de Coimbra.

Com um estilo muito próprio, Carlos Paredes vai conquistando terreno, não só no lançamento de álbuns, como na composição de temas musicais para diversos filmes, como “Verdes Anos”, de Paulo Rocha. Mais recentemente, trabalhou com Manoel de Oliveira e José Fonseca e Costa, bem como com o Grupo de Teatro de Campolide e Teatro Nacional D. Maria II.


© Tânia Carvalho, RTP Multimédia.



O Voo e a Música

Poderei,
com esta harpa de cordas tensas, com as pérolas
deste colar de sons e mágoa,
tocar o teu ouvido ou a tua alma,
poderei chegar sem que o vento me anuncie,
mais perto dessa cama que nunca foi o céu ou a
terra ou o mar e onde,
impiedosa,
não se abrisse a tempestade?

É talvez uma asa, um ser aflito,
aquilo que chega ao alpendre e em veloz sombra
inicia a sua viagem,
de norte para sul, para a brisa que arrefece a
cal,
quando em silenciosa migração as tuas aves
partem para sempre
e é mais triste o promontório com o farol que
já não acendes.


José Agostinho Baptista



posted by Anónimo on 18:35


 
Parabéns Carlos Paredes!


Carlos Paredes faz hoje 78 anos.

“Já me tem sucedido fazer as pessoas chorar enquanto eu toco... E eu não compreendia isto, mas depois percebi que é a sonoridade da guitarra, mais do que a música que se toca ou como se toca, que emociona as pessoas."
Como ele está errado, e ainda está errado quando diz que é criador de "pequena música", mas ele pode dizer o que quiser (a sua modéstia é tão grande como a sua genialidade) porque a música que faz o contradiz.


Ano de Paredes começa hoje

Carlos Paredes



posted by Anónimo on 18:31


 
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